Rota Bioceânica: No maior fórum sobre o tema, países destacam integração e inclusão
ALEMS sedia maior evento já realizado no Brasil sobre Rota Bioceânica
Foto: Wagner Guimarães
Autoridades dos países da América do Sul envolvidos na Rota Bioceânica estão reunidas na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (ALEMS), na manhã desta quinta-feira (26), para o 1º Fórum “A Integração dos Municípios do Corredor Bioceânico”. Na abertura do evento, o presidente do Poder Legislativo Estadual, deputado Paulo Corrêa (PSDB), disse que o Fórum projeta-se como marco da concreta integração sul-americana, com a convergência de interesses legítimos do Brasil, Argentina, Chile e Paraguai.
“A iniciativa se configura como um marco institucional e histórico da realização, em breve, da aspiração secular de termos assegurada uma saída para o Pacífico”, disse. De acordo com o presidente, Mato Grosso do Sul situa-se hoje na vanguarda do agronegócio brasileiro e, com a efetivação do Corredor Bioceânico, assumirá a condição de ‘hub logístico’, como porta de saída para grande parte da exportação de carne, grãos e produtos agroflorestais, como papel e celulose, do Centro-Oeste, tanto quanto de itens industrializados.
Na abertura do Fórum, um dos destaques foram assinaturas dos convênios de “Cooperação Comercial, Econômica e Produtiva entre Municípios do Norte do Chile, Norte da Argentina, Chaco Paraguaio e Mato Grosso do Sul, Brasil” e o de “Cooperação Institucional para a Constituição de um Comitê de Promoção Turística entre Municípios do Norte do Chile, Norte da Argentina, Chaco Paraguaio e Mato Grosso do Sul, Brasil”.
Além de Paulo Corrêa, fizeram parte da mesa de abertura dos trabalhos: o governador de Mato Grosso do Sul, Reinaldo Azambuja; o ministro de Estado das Relações Exteriores, embaixador Carlos Alberto Franco França; o presidente da Frente Parlamentar Internacional do Corredor Bioceânico, senador Nelsinho Trad (PSD); o embaixador do Paraguai, Juan Angel Delgadillo; o embaixador da Argentina, Luis María Kreckler; o 1º secretário da Embaixada do Chile, Diego Araýa; a deputada federal Tereza Cristina (PP), e o presidente da Associação dos Municípios de Mato Grosso do Sul (Assomasul), prefeito Valdir Couto de Souza Junior (PSDB).
Conforme o ministro Carlos França, o Corredor Bioceânico é um projeto estratégico para o Brasil e América do Sul e contribuirá para integração dos Estados e municípios ao fluxo internacional de comércio. “O Corredor vai muito além da construção de uma via de transporte. Será uma plataforma de integração territorial e desenvolvimento social, capaz de beneficiar as comunidades locais, por meio de fluxos de comércio e geração de empregos. Graças aos convênios que serão firmados pelas autoridades de Chile, Argentina e Paraguai, construiremos um novo eixo de desenvolvimento econômico. A conexão entre o Brasil com os portos do norte do Chile, com o chaco paraguaio e os centros econômicos argentinos, inaugurará um novo eixo de dinamismo econômico”, salientou.
Ainda segundo França, o Centro-Oeste será transformado em um novo polo de distribuição e centro logístico. O ministro informou diante da importante relação Brasil-Ásia, já foi reforçado o pedido para que o País seja membro-observador na Associação de Nações do Sudeste Asiático (Asean). Ele ainda disse que a construção daponte que ligará os municípios de Porto Murtinho (MS) e Carmelo Peralta (PY), deve ser iniciada em breve e concluída em novembro de 2024. Com extensão de 1.294 metros e investimento de US$ 102,6 milhões (cerca de R$ 504 milhões), custeado pela Itaipu Binacional, a ponte será construída pelo Consórcio PY-BRA, formado pelas empresas Tecnoedil, Paulitec e Cidade. “Nos próximos anos é possível que toda extensão do Corredor esteja em boa condição de tráfego”.
O chileno Diego Araýa citou três pontos significativos entre os Países: o acordo de livre comércio, o contexto político e a diplomacia regional. De acordo com ele, esses fatores irão dinamizar o projeto do Corredor Bioceânico. O embaixador Luis María lembrou que na década de 70, tudo era planejado para não se integrar “Em 29 de julho de 1986, os governos da Argentina e do Brasil assinaram um pacto de amizade, que foi a base do Mercosul. Desde então, temos trabalhado muito até chegar neste dia de hoje. A integração física está sendo decidida aqui . Acordos e problemas aduaneiros serão debatidos e o ponto de partida foi construído em Mato Grosso do Sul”, falou.
O embaixador Juan Angel Delgadillo enfatizou o espaço para debater os problemas dos países vizinhos. “Estarmos aqui é uma amostra viva que não é mais um projeto e, sim, uma realidade. As autoridades presentes e os governos locais representam o sensor do que a população espera de todos nós. Temos a oportunidade de colocarmos na mesa os problemas, as dificuldades dos operadores econômicos, o que precisamos fazer na agilização do fluxo de comércio e as muitas inquietudes das nossas comunidades’’.
Para o senador Nelsinho Trad, acompanhar o projeto do Corredor Bioceânico exige a prática contínua da diplomacia parlamentar. “Nos impõem um diálogo institucional e intersetorial, tanto nacional quanto internacional. O sucesso dele depende da sustentabilidade das relações e da governança entre os setores envolvidos. No Brasil, é preciso diminuir a dependência do transporte marítimo e desafogar o modal rodoviário, que enfrenta a elevação do preço do diesel”, frisou.
O governador Reinaldo Azambuja fez questão de ressaltar o momento histórico. “Ao participar desta frente de esforços e trabalho, coletivo e bem planejado, posso dizer que estamos vivendo um momento histórico. Na prática, a cada passo que a Rota Bioceânica se afirma como uma nova realidade, vamos tirando do papel e do nosso imaginário um sonho antigo, acalentando por diferentes gerações de brasileiros, paraguaios, argentinos e chilenos. O Corredor não apenas abre as portas do vasto Centro-Oeste brasileiro à América do Sul, mas aproximará nossa produção, comércio, turismo e cultura milenar. Os ganhos são exponenciais em termos de economia, tempo e redução de custos, o que certamente trará nosso vigor a balança comercial brasileira e latino-americana”.
Jaime Elias Verruck, secretário de Estado de meio Ambiente, Desenvolvimento econômico, Produção e Agricultura Familiar (Semagro), falou que a Rota Bioceânica deve ser sustentável, competitiva e inclsuiva.“Estamos criando um novo canal de comercialização no mundo. Vamos acessar novos mercados e deslocar mercados também. Os Estados e municípios precisam olhar o desenvolvimento inclusivo, como cada região irá absorver a renda e a riqueza que essa rota irá gerar. A Rota tem o olhar geopolítico internacional e o olhar para as pessoas. Então, melhora a competitividade e desenvolvimento, e precisa incluir nosso povos na geração de renda e qualificação profissional”.