Alan Guedes pode enfrentar primeira greve na Prefeitura de Dourados
Depois de terminar o ano de 2021 desgastado com o funcionalismo municipal, o prefeito de Dourados, Alan Guedes (PP), pode ter um início de segundo ano de mandato turbulento e com risco de enfrentar uma greve da categoria mais ‘barulhenta’ da cidade: a educação.
Com inflação batendo a porta das famílias douradenses desde o início da pandemia, o chefe do executivo ofereceu, via projeto enviado a toque de caixa ao legislativo, apenas 5% aos servidores do município, valor que não compensaria metade da inflação oficial medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) no ano de 2021, que foi de 10,06%.
No entanto, na última sessão da Câmara de Dourados no ano passado, que adentrou a madrugada, o prefeito fez aprovar um aumento de 58% no próprio salário, 64% no salário do vice-prefeito e 43% na remuneração do secretariado, elevando assim o teto do funcionalismo na cidade.
Alan ainda se mostrou irredutível em conceder o rateio das sobras do Fundeb aos profissionais da educação de Dourados, mesmo com toda tentativa de negociação realizada pelo Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Dourados-Simted.
Sem conceder nenhum reajuste aos educadores, a prefeitura divulgou que gastou R$ 7,3 milhões com mobiliários para as unidades de ensino da rede. Além disso, houve um investimento, ainda sem muita clareza, de R$ 8,7 milhões em um projeto de robótica. O prefeito ainda anunciou investimento de quase R$ 23 milhões em reformas e revitalizações de escolas e centros de educação infantil para este ano.
Defasagem do salário da educação passa de 57%
A educação tem se sentido desprestigiada pelo prefeito e a tensão dentro da categoria tem aumentado. O Simted convocou os trabalhadores em educação para a sessão de abertura dos trabalhos legislativos, na tarde da próxima segunda-feira (7). “Prefeito Alan Guedes e vereadores, chega de descaso com a Educação!”, diz a convocação do sindicato, reivindicando o percentual de reajuste do Piso Nacional do Magistério, de 33,24%, anunciado pelo Ministério da Educação para 2022.
O Simted ainda defende que o valor do piso seja para uma carga horária de 20 horas. Além dos 33,24%, os professores ainda cobram mais 24,61% de reajustes de outros anos que ainda não foram implementados na tabela salarial paga pela Prefeitura de Dourados. No ano de 2017, a prefeitura não concedeu o reajuste do piso de 7,64%. Em 2018, o reajuste foi de apenas 2,68% de um total que seria 6,81% previsto pelo piso nacional. Além disso, em 2020 teve mais um percentual de 12,84% do piso nacional, conforme o MEC.
No total, os professores buscam uma reposição de 57,85%, um desafio para a gestão do prefeito Alan Guedes, que tem evitado o sindicato dos professores. Essa difícil negociação pode culminar com uma greve da educação, ainda no começo do seu mandato, e prestes a iniciarem as aulas na rede municipal de Dourados.
Fotos: Simted