Saúde de MS debate estratégias para o enfrentamento da hanseníase no Estado
Com o objetivo de apresentar ações estratégicas para o enfrentamento da hanseníase em Mato Grosso do Sul, a SES (Secretaria de Estado de Saúde) e o Hospital São Julião realizam nesta terça-feira (5) o evento ‘Projeto de Aprimoramento para o Enfrentamento da Hanseníase no estado de Mato Grosso do Sul’, no auditório do Bioparque Pantanal, em Campo Grande.
Na oportunidade o secretário de Estado de Saúde, Maurício Simões, aproveitou para reforçar a importância de debates acerca do tema. “Nós precisamos reforçar as nossas estratégias e o principal motivo desse evento é que possamos estar reunidos, debatendo estratégias. Que seja um evento profícuo”.
Para a gerente técnica de Tuberculose e Hanseníase da SES, Laryssa Almeida de Brito Ribeiro, o evento é de suma importância para o estado. “Temos como objetivo principal promover o convênio da SES, por meio do Programa Estadual de Hanseníase, junto ao Hospital de referência São Julião com o desenvolvimento de um plano de ação visando aprimorar o enfrentamento à hanseníase nos 79 municípios de Mato Grosso do Sul para o fortalecimento das ações em todos os níveis de atenção”, explicou Laryssa.
“Esta parceria entre o Governo do Estado e o Hospital São Julião no combate e tratamento da hanseníase, demonstra a sensibilidade deste governo com uma comorbidade que ainda no Brasil está disseminada praticamente em todos os estados. Ainda somos o segundo país no mundo em casos da doença”, disse o presidente do Hospital São Julião, Carlos Augusto Melke.
Já para o coordenador do Programa de Hanseníase do Hospital São Julião, Augusto Afonso de Campos Brasil Filho, essa aliança entre o Hospital São Julião e a SES só fortalecerá os serviços prestados aos pacientes acometidos pela hanseníase.
“Então, este é um grande passo que nós estamos dando. Aproximar o Hospital São Julião, unidade de atenção de referência aos casos de hanseníase no estado, com as unidades de atenção primárias, que é o palco principal da assistência a hanseníase, utilizando destes profissionais experientes, trocando ideias e buscando soluções com a atenção primária será muito positivo”, afirmou Augusto.
O coordenador-geral de Doenças Transmissíveis na Atenção Primária do Ministério da Saúde, Cláudio Salgado, lembrou que no período da Pandemia da Covid-19 muitos pacientes deixaram de receber o diagnóstico para a hanseníase, então agora é o momento de resgatar esses pacientes.
“O que está começando agora aqui no Mato Grosso do Sul é importantíssimo para que a gente consiga fazer a reversão do quadro atual. É o momento de encontrar os pacientes acometidos pela hanseníase, porque as pessoas não pensam na hanseníase e se você não pensa na doença, você não vai fazer o diagnóstico”, explica Salgado.
Entre os objetivos do ‘Projeto de Aprimoramento para o Enfrentamento da Hanseníase no estado de Mato Grosso do Sul’ estão:
- A capacitação dos agentes comunitários de saúde do estado para realizar a busca ativa de casos, baseado em inquéritos sobre sinais e sintomas da doença;
- Avaliação de todos os contatos intra domiciliares dos casos diagnosticados nos últimos 5 anos;
- Capacitação dos profissionais de saúde da atenção primária, médicos, enfermeiros e fisioterapeutas para o desenvolvimento qualificado das ações de controle da hanseníase: diagnóstico, tratamento, investigação dos contatos, prevenção e tratamento das incapacidades, manejo das reações hansênicas e ações para o enfrentamento do estigma e discriminação; e
- A criação do NAHAN (Núcleo de Apoio para o Enfrentamento da Hanseníase) para elaborar e aplicar as atividades de apoio matricial às unidades de Atenção Primária à Saúde.
Hanseníase
A hanseníase é uma doença infectocontagiosa causada por uma bactéria chamada Mycobacterium Leprae. A doença não leva ao óbito, porém tem grande potencial incapacitante. Por afetar os nervos, a hanseníase causa no indivíduo a perda de sensibilidade ao frio ou calor, ao toque e à dor e o paciente pode se machucar e não perceber.
Segundo a Sociedade Brasileira de Hansenologia, o Brasil é o segundo país com mais casos de hanseníase no mundo e a cada ano mais de 30 mil pessoas são diagnosticadas com a doença.
Em Mato Grosso do Sul, de acordo com dados do SINAN (Sistema de Informação de Agravos de Notificação), foram notificados 321 casos novos no ano de 2023, 360 em 2022 e 349 casos em 2021. No ano de 2024, até o momento, foram notificados 24 casos no estado.
Transmissão
O principal meio de transmissão da hanseníase se dá através de vias respiratórias (inalação de gotículas – secreções nasais, tosses, espirros) por meio de contato próximo e prolongado, com um doente acometido pela hanseníase que não está sendo tratado.
Principais sinais e sintomas
A pele pode apresentar lesões ou manchas esbranquiçadas, acastanhadas ou avermelhadas com alteração da sensibilidade térmica, ao tato ou à dor;
Formigamentos, choques e câimbras nos braços e pernas, que evoluem para dormência e a pessoa pode se queimar e/ou machucar sem perceber;
Pode ocorrer a diminuição dos pelos e suor em algumas áreas e a diminuição e/ou ausência da força muscular na face, mãos e pés.
Vale advertir que há um pequeno número de casos em que os pacientes não apresentam lesões na pele, mas apenas dormência ou dor no trajeto dos nervos, podendo afetar os olhos e outros órgãos internos. Isso geralmente acontece quando os pacientes ficam um longo período sem diagnóstico o que ocasiona a evolução e avanço da hanseníase. As articulações e juntas do corpo, como cotovelos e joelhos, podem ser afetadas e apresentarem inflamação, desenvolvendo artrite nesses locais.
Diagnóstico
O diagnóstico é essencialmente clínico-epidemiológico, realizado por médicos dermatologistas por meio de exame da pele e dos nervos para identificar lesões com alterações motoras e de sensibilidade. Em caso de diagnóstico positivo para hanseníase, oriente as pessoas próximas a também procurarem atendimento médico para serem examinadas. O diagnóstico tardio e desenvolvimento de reações hansênicas são alguns dos fatores para o desenvolvimento de incapacidades físicas.
O diagnóstico precoce e o início do tratamento interrompem a cadeia de transmissão e evita sequelas. Em caso de qualquer sinal ou sintoma, procure uma unidade de saúde.
Kamilla Ratier, Comunicação SES
Fotos: Álvaro Rezende