Segundo dia de Conferência da Cultura tem palestra, discussão entre eixos e eleição para delegados

A programação do segundo dia da Conferência Estadual da Cultura foi aberta pela palestra da doutora em Ação Cultural pela USP, Isaura Botelho, que falou sobre a Partipação Social na construção da cultura.

Em sua fala, um dos grandes nomes da cultura do Brasil destacou a importância da participação de todas as esferas. “Administrativas, de federal à estadual e municipal, devem estabelecer mecanismos de diálogo permanente, pois se fala de cultura como direito e como a cidadania, motivação maior para o estabelecimento de políticas democráticas”, enfatiza.

Após a palestra de Isaura Botelho, os participantes se dividiram entre os eixos:

• Institucionalização, Marcos Legais e Sistema Nacional de Cultura (promover o debate sobre o Sistema Municipal de Cultura);
• Democratização do acesso à cultura e Participação social;
• Identidade, Patrimônio e Memória;
• Diversidade cultural e transversalidade de Gênero, Raça e acessibilidade Política Cultural;
• Economia criativa, trabalho, Renda e Sustentabilidade;
• Direito às Artes e às Linguagens Digitais.

Superintendente de Economia Criativa de Mato Grosso do Sul, Décio Coutinho, que está à frente das discussões do eixo 5, explica que a metologia é discutir propostas em cima do que já foi apresentado pelos municípios.

“Nós estamos lendo, interpretando, avaliando, analisando e estudando para, ao final do dia, priorizar as propostas que serão trazidas para a plenária do evento”, descreve.

Cada eixo vai pontuar de três a quatro propostas a serem submetidas ao plenário para então irem para a Conferência Nacional, prevista para ser realizada em março de 2024.

“O que fica de política pública para o Estado é uma lista de projetos, atividades e programas muito importantes, no entanto o principal talvez seja mesmo o fortalecimento do diálogo com a sociedade e o amadurecimento dessa sociedade, dos trabalhadores da cultura e da economia criativa, participando de um processo público de votação, de discussão. Tudo isso gera um fortalecimento dessas governanças, um fortalecimento do ecossistema e no momento em que as pessoas fazem parte desse processo, elas se engajam muito mais”, destaca Décio Coutinho.

Para mostrar que MS tem acarajé, Zezé senta, debate e conversa dentro do eixo que trata de Patrimônio. (Foto: Matheus Carvalho)
Produtora cultural e MC de batalhas, Juliana Cifrasol quer ver Hip Hop acolhendo todos os gêneros, raças e corpos. (Foto: Matheus Carvalho)

Construção de Políticas

Fora dos gabinetes, a construção de políticas públicas têm sido feitas nas bases, iniciativa tanto do Governo Federal quanto do Estadual.

Cacique da Aldeia Arara Azul, do município de Aquidauana, o terena Pedro Luiz sustenta que é preciso que os governos olhem e atendam financeiramente os indígenas em suas produções culturais.

“Nós temos uma cultura tanto na comida, no artesanato, no grafismo indígena e ainda assim não encontramos apoio logístico para a comercialização, não temos espaço nem recurso financeiro para bancar. Nós trouxemos uma frase que diz assim ‘Posso ser o que você é sem deixar de ser quem sou’. Nós queremos abrir um leque de propostas e que olhem para a nossa dança, nossa comida típica, nossos adereços”, pontua.

Zezé do Acarajé, nome registrado de Maria José, vem otimista trazer a contribuição a base de dendê. “Nós temos em Mato Grosso do Sul o acarajé, mas isso não é falado e nem sabido. Meu objetivo é que o Estado enxergue o acarajé, que ele tenha um espaço na cultura. Vamos construir políticas hoje, estou indo propor e discutir com o meu eixo, que é do patrimônio”, relata.

Produtora cultural e MC de batalha, Juliana Cifrasol vem representando a cidade de Dourados e com a cabeça cheia de pautas e propostas. “Vamos articular enquanto cultura hip-hop para que seja pensada a efetiva pluralidade de gênero, raça e todos os corpos possam ocupar com alguma dignidade a cultura”, comenta.

Presente no colegiado Minas e População LGBTQIA+ no Hip Hop, Juliana também traz consigo um recorte mais específico que atendam ao público de artistas trans e travestis. “Especificamente hoje também estou Aqui para garantir que o nome social seja respeitado por todas as instituições presentes”.

Presidente do Conselho de Políticas Culturais de Corumbá, Márcia Rolon conta orgulhosa que foi a Cidade Branca a realizar a primeira conferência da cultura, e que o grupo trouxe propostas muito bem estruturadas para contribuir com cada um dos eixos.

De Corumbá, Márcia Rolon espera que proposta sobre digitalização e desburocratização saia da Conferência Estadual de MS para a Nacional. (Foto: Matheus Carvalho)
Indígena Terena, cacique Pedro Luiz apela para que a cultura enxergue a arte Indígena. (Foto: Matheus Carvalho)

“Uma em destaque, que é muito importante, é a desburocratização de todo o sistema do Estado de avaliação e de editais. Então tem o eixo 6, que é extremamente importante, que as pessoas ficam focadas no audiovisual, no digital, mas é a digitalização, tanto das nossas bibliotecas, para que todos os outros municípios também tenham. Corumbá tem um acervo maravilhoso, a gente consegue digitalizar as principais obras, isso passa para todo o Estado e vira uma união de conhecimento. Está é uma proposta importante para o governo, para o poder público, conseguir desburocratizar os nossos editais e dar acesso realmente a quem está lá no Pantanal, que muitas vezes não consegue chegar na cidade para poder ter esse acesso, mas tem internet”, ressalta.

Pronto? Já tem tudo. Já tem tudo. Então, uma das questões é essa que eu acho extremamente importante, que é a acessibilidade. Perfeito. Muito obrigada. E vai passar porque ganhou de encontro.

Programação

A IV Conferência Estadual de Cultura será realizada até quarta-feira (22), no Teatro Glauce Rocha, na UFMS.

Nesta terça (21), os delegados municipais e conselheiros vão eleger a delegação que vai representar Mato Grosso do Sul na Conferência Nacional.

A programação se encerra hoje, às 20h, com show de Brô MC’s.

Programação dividiu participantes conforme eixos propostos na Conferência. (Foto Ricardo Gomes)

Paula Maciulevicius, Comunicação Setescc

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