Criação de GT é o primeiro passo para aldeia kinikinau voltar a existir
“O povo kinikinau perdeu seu território em 1910 e, desde então, segue buscando. Até que agora veio este presente”. A fala emocionada é do professor Rosaldo de Albuquerque Souza, indígena kinikinau, depois da publicação da portaria do Governo Federal.
No dia 19 de abril, os indígenas receberam como presente a oficialização, por parte do Ministério dos Povos Indígenas, da criação do grupo de trabalho que vai propor medidas para solucionar a questão fundiária dos kinikinau em Mato Grosso do Sul.
Técnico da Subsecretaria de Povos Indígenas, ligada à Setescc (Secretaria de Estado de Turismo, Esporte, Cultura), Rosaldo é um dos que está na esperança de devolver o sentimento de pertencimento ao povo kinikinau.
“Com a colocação desta portaria, acreditamos que o povo kinikinau pode ter de volta o seu território, pode ter uma comunidade chamada aldeia do povo kinikinau aqui no Mato Grosso do Sul”, diz Rosaldo.
Para uma das lideranças kinikinau, Genilson Roberto Flores, a criação é motivo para comemorar e para que o povo se veja no mapa.
“Onde vocês estão? Está é uma boa pergunta. Por essa questão de territorialidade, estamos todos espalhados por aldeias de Porto Murtinho, Miranda, Nioaque. Mas esta terra vai sair”, acredita Flores.
A liderança ainda descreve que o povo kinikinau é agricultor, produtor, pecuarista, também ceramistas, artesãos. “Nós somos diversos. Aprendemos a ser de tudo um pouco”, completa.
A população kinikinau em Mato Grosso do Sul é de cerca de 600 pessoas que ocupam territórios “emprestados” de terenas e do povo kadiwéu nas cidades de Porto Murtinho, Miranda e Nioaque.
Subsecretário de Políticas Públicas para Povos Originários, Fernando Souza ressalta o quão positiva é a constituição do GT que vai levantar a situação dos kinikinau no Estado.
“É um povo que estava deslocado, perdido, sem território e viveu um tempo lá com os kadiwéu, depois os terena. Esta é uma luta de mais de 100 anos, em que o povo foi resistente, e agora o GT sinaliza a possibilidade deles terem seu território constituído”, afirma Fernando.
O Grupo de Trabalho
Segundo a Portaria, o Grupo de Trabalho será composto pela ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, e por representantes da secretaria-executiva, secretaria de Direitos Territoriais Indígenas, departamento de Mediação e Conciliação de Conflitos Indígenas e consultoria jurídica e ainda integrante da sociedade civil por meio da Apib (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil).
O prazo para o GT apresentar o levantamento de soluções é de 90 dias.
Paula Maciulevicius, Setescc