Ações conjuntas para o fim da violência nas escolas são debatidas pelos deputados
Professor Rinaldo Modesto puxou o assunto na tribuna
Por: Fernanda Kintschner Foto: Luciana Nassar
A onda de violência em escolas tem repercutido nacionalmente e em todos os âmbitos. Na Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (ALEMS) não é diferente, com a preocupação dos deputados estaduais pelo fortalecimento da segurança nos estabelecimentos de ensino, assim como ações conjuntas entre as famílias, alunos e professores.
O assunto foi puxado na tribuna pelo deputado Professor Rinaldo Modesto (Podemos), nesta quinta-feira (13), que disse que a situação é séria e merece ser tratada com responsabilidade. “Vamos pensar na carga excessiva que o professor vive. Não bastassem as dificuldades as escolas, com problemas estruturais, ainda há os problemas psíquicos, tendo o professor, por vezes, que ser irmão, pai, mãe, psicólogo. O clima de medo irradia todo mundo. Professores são ameaçados de morte. Não podemos encarar esse tema como político-partidário. Esse é um tema da vida”, salientou Rinaldo, que é presidente da Comissão de Educação, Cultura, Desporto, Ciência e Tecnologia da ALEMS.
O parlamentar é autor da Lei Estadual 3.437/2007, que institui a Política de Prevenção à Violência contra Educadores da Rede de Ensino do Estado de Mato Grosso do Sul. “Apresentei a iniciativa dessa lei depois que uma professora levou um tapa de aluno. Tem professor que tem que imobilizar estudante com arma de brinquedo, como ele vai saber se era falsa? Temos que fazer o fortalecimento da família e quero elogiar as ações divulgadas pelo Governo, de conscientização, prevista para o próximo dia 20”, afirmou Rinaldo.
Ele citou a reunião realizada ontem pelo Governo do Estado, com participação da ALEMS, em que foram anunciadas medidas preventivas contra a onda de ataques – reveja aqui. O deputado Coronel David (PL), que também participou da reunião com o Executivo, considerou importante as iniciativas. “Estão reforçando o trabalho de prevenção, o de inteligência, inclusive vigiando redes sociais e levando alunos e pais para serem ouvidos em delegacia, mostrando que é uma responsabilidade de todos. Não podemos cuidar só da tragédia, mas temos também que cuidar do ambiente familiar, dos traumas, que acabam eclodindo dentro das escolas. Terá o Centro de Controle, com acesso ao botão do pânico, rondas intensivas, ficou claro que o poder público não fugiu à responsabilidade, mas a família também tem que apresentar sua participação”, considerou o deputado que é presidente da Comissão da Segurança Pública e Defesa Social da ALEMS.
O deputado Zé Teixeira (PSDB) concordou. “Eu acho que a escola precisa de um trabalho coletivo que envolva a todos, família, segurança pública e sociedade, porque se cria um momento de pânico e, às vezes, a criança acha que é engraçado, manda um para o outro, achando graça, ninguém sabe o que se passa na cabeça de um jovem de 12, 15 anos. A família em casa tem que achar uma forma da criança manejar essa situação, pois eu, sinceramente, estou achando que estamos, realmente, correndo um risco muito grande com uma onda de casos assim”, considerou.
Mara Caseiro (PSDB) ponderou a necessidade de reconhecer quando é preciso tratamento psicológico. “Em 2012 o meu filho apresentou uma síndrome de pânico e eu comecei a perceber que tinha algo de errado. Pensei: ‘meu Deus deve ter acontecido alguma coisa no ambiente escolar que o traumatizou’. Eu cuidei, tive condições, foi ao psicólogo, fez tratamento, conseguiu superar e voltar à escola. Eu digo que percebi a mudança de comportamento, mas quantos e quantos pais não conseguem diagnosticar, não conseguem levar tratar, não conseguem perceber por tanto trabalhar? Precisa de uma equipe multidisciplinar nas escolas, com psicólogo, assistente social, para dar auxílio aos professores e possa identificar alguém com transtorno de comportamento. É louvável a ação do governo agora de patrulha intensificada, sabemos que tem custo, mas tem que começar a pensar numa forma de dar condições para que o professor possa identificar e encaminhar o aluno a um atendimento”, sugeriu Mara.
O presidente da ALEMS, deputado Gerson Claro (PP) ponderou que é preciso evitar fake news e clima de pânico. “Ontem ouvimos especialistas em comportamento humano que esclareceram que ameaças existem, mas que é preciso cuidar da boataria. O Governo está colocando forças especiais para cuidar disso e digo que é preciso reforçar que a escola é um ambiente seguro, que confiem em nossa segurança pública e que o momento é de serenidade. De acalmar o ambiente, não criar pânico, nem pedir exército ou escolta armada, porque é isso que os extremistas querem. Já temos 290 escolas monitoradas 24 horas por dia”, ponderou o deputado, que lecionou em escolas por 12 anos.
Para a deputada Gleice Jane (PT), também professora, é preciso o fortalecimento de políticas públicas. “Por vezes observamos que a criança que chega com violência na escola, já vem de um processo de violência fora dela. Na escola a gente precisa ter uma rede de enfrentamento e de observação, inclusive, de como funciona a mente desses adolescentes para construir políticas nesse sentido. Quanto mais se dá valor a isso, mais casos teremos, quanto mais fala, mais estimula. Precisamos ter serviço de inteligência, falando isso com seriedade, para não incentivar o processo. Eu trabalhava em uma escola monitorada e tivemos um caso de violência. Os Cras [Centros de Referência da Assistência Social] são fundamentais nesse processo. A escola recebe os problemas sociais e não dá conta e precisamos dividir com outros instituições e não só da Segurança”, finalizou.